Quando Cristo estava na terra, Ele falava através de parábolas e “quando
estava sozinho com os discípulos, ele explicava tudo” (Marcos 4:34). Algumas
vezes Jesus falava às pessoas que Ele estava contando uma parábola. Outras
vezes simplesmente contava a história e através de algumas partes da Bíblia nós
sabemos que era uma parábola. Por exemplo, freqüentemente Ele começava a
história ou a declaração com as palavras “o reino dos céus é assim...” Quando
usava estas palavras na introdução Ele estava contando uma parábola.
Uma parábola é uma história terrena com um significado espiritual. Isto é, uma
parábola é uma história ou ilustração retirada do mundo secular, mas a aplicação
relaciona-se com algum aspecto da salvação. Ela pode abordar algum aspecto da
morte ou ressurreição de Cristo; pode estar relacionada à fé na vida do cristão;
pode enfatizar o caminho para o Evangelho; pode falar do Juízo Final.
Em conseqüência da nação de Israel fazer parte da história do Evangelho,
algumas parábolas falam dos planos de Deus para ela. Por exemplo, em
Mateus 21:33-45, a parábola do mau marido mostra o fato de que o reino de Deus
poderia ser tomado do povo de Israel e dado a outros.
No Velho Testamento, este método de ensinar foi usado extensivamente; por
exemplo, nos tipos e sombras que Deus empregou nas leis cerimoniais que
esboçam as atividades de adoração e nas leis civis que governam muitos dos
perseguidores dos Israelitas.
Estas leis são chamadas “leis cerimoniais” pelos teólogos porque na terra, elas
deveriam ser rigorosamente obedecidas pelo povo de Israel.
Depois de Cristo ter sofrido na cruz, o aspecto terreno destas leis não foi mais
obedecido. Agora apenas o significado celestial inerente a essas leis continua a
ser observado. Quando Cristo sofreu na cruz, a grande cortina que separava o céu
da terra foi rasgada de cima a baixo pelo dedo de Deus. Isto sinalizou o fim da
observação, da interpretação literal das leis cerimoniais. Desta época em diante,
os olhos dos cristãos deveriam observar apenas o aspecto espiritual dos
ensinamentos contidos nas leis cerimoniais, que eram opostos à sua interpretação
literal.
De fato, quando a Igreja do Novo Testamento se juntou para decidir quais das
leis cerimoniais deveriam ser obedecidas pelos Gentios salvos, eles concluíram
em Atos 15:28-29:
“Por que decidimos, o Espírito Santo e nós, não impor sobre vocês nenhum fardo,
além destas coisas indispensáveis: abster-se de carnes sacrificadas aos ídolos, do
sangue, das carnes sufocadas e das uniões ilegítimas. Vocês farão bem se
evitarem estas coisas. Saudações!”
Assim, a observação das leis cerimoniais acabou. As leis cerimoniais fizeram
com que o número de sacrifícios de sangue e oferendas alcançassem as
dimensões e características do edifício do Templo.
Estas leis deveriam ser obedecidas literalmente por Israel, como experiências
terrenas, mas eles pensaram que o que acontecia na terra era apenas uma
sombra ou aspecto da salvação de Deus. Em Colossenses 2:16-17, Deus enfatiza
este princípio:
“Ninguém, pois, julgue vocês pelo que comem ou bebem, ou por causa de festas
anuais, mensais ou de sábados. Tudo isso é apenas sombra daquilo que devia vir.
A realidade é Cristo.”
Inclusas nas leis cerimoniais havia leis sobre o casamento. Três destas leis
eram especialmente dignas de nota.
Cristãos não devem se casar com não-cristãos
A primeira destas três leis foi dada ao povo de Israel quando eles estavam indo
para Canaã. Deuteronômio 7:2-4:
“E o Senhor teu Deus as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as
destruirás. Não farás com elas concerto, nem terás piedade delas, nem te
aparentarás com elas; não darás tuas filhas a seus filhos, e não tomarás suas
filhas para teus filhos; pois fariam desviar teus filhos de mim, para que servissem a
outros deuses; e a ira do Senhor se acenderia contra vós, e depressa vos
consumiria.”
A primeira parte desta lei aponta para o julgamento espiritual dos que não
crêem, quando os que crêem julgarão os que devem ser mandados ao inferno por
seus pecados (1 Coríntios 6:2; Apocalipse 2:26-27). A aplicação terrena disto, é
que Israel deveria destruir as nações da terra de Canaã.
A segunda parte da lei aponta para o princípio espiritual de que cristãos não
devem se juntar aos que não crêem. A nação de Israel simboliza os que crêem em
Cristo. As nações pagãs que rodeiam Israel simbolizam o mundo com suas
seduções e tentações. Homens do povo de Israel não devem se casar com
mulheres pagãs, e cristãos não devem ficar unidos ou “casados” com o mundo.
Deus declara em Isaías 52:11:
“Retirai-vos, retirai-vos, saí daí, não toqueis coisa imunda; saí do meio dela,
purificai-vos, os que levais os vasos do Senhor.”
Nesta exortação os Israelitas efetivamente eram aconselhados a se divorciarem
dos que não eram puros. A aplicação literal, terrena, para isto diz que se eles se
casassem com mulheres pagãs, eles deveriam se divorciar delas (em violação do
Deuteronômio 7:2-4). A verdade disto pode ser dramaticamente observada no livro
de Esdras.
Os últimos dois capítulos de Esdras revelam uma triste e traumática experiência
enfrentada por Israel. Sob a liderança de homens como Neemias e Esdras, um
grupo de Israelitas voltou a Jerusalém. Em Jerusalém eles descobriram que
diversos homens haviam desposado mulheres pagãs, que tiveram filhos. Esdras
9:2-4:
“Porque tomaram das suas filhas para si e para seus filhos, e assim se misturou a
semente santa com os povos destas terras; e até a mão dos príncipes e
magistrados foi a primeira nesta transgressão. E, ouvindo eu tal coisa, rasguei o
meu vestido e o meu manto, e arranquei os cabelos da minha cabeça e da minha
barba, e me assentei atônito. Então se juntaram a mim todos os que tremiam das
palavras do Deus de Israel por causa da transgressão dos do cativeiro; porém eu
me fiquei assentado atônito até ao sacrifício da tarde.”
Em resposta à séria violação da lei do Deuteronômio 7:2-4, os líderes de Israel
tomaram uma importante e difícil decisão. Eles decidiram que estes homens
deveriam se divorciar de suas esposas pagãs. Esdras 10:2-3:
“Então respondeu Secanias, filho de Jeiel, um dos filhos de Elão, e disse a Esdras:
Nós temos transgredido contra o nosso Deus, e casávamos com mulheres
estranhas do povo da terra; mas, no tocante a isto, ainda há esperança para
Israel. Agora, pois, façamos concerto com o nosso Deus de que despediremos
todas as mulheres, e tudo o que é nascido delas, conforme ao conselho do
Senhor, e dos que tremem ao mandado do nosso Deus; e faça-se conforme a lei.”
A decisão foi deixar que isto fosse feito de acordo com a lei. Em Isaías 52:11 a
lei de Deus decreta que os que se envolveram com coisas impuras deveriam se
afastar delas. Em termos práticos, se um Israelita desposasse uma mulher pagã,
ele deveria se divorciar dela; assim Esdras e os outros líderes entendiam a lei.
Esdras 10:10-12:
“Então se levantou Esdras, o sacerdote, e disse-lhes: Vós tendes transgredido, e
casastes com mulheres estranhas, multiplicando o delito de Israel. Agora, pois,
fazei confissão ao Senhor Deus de vossos pais, e fazei a sua vontade;
e apartai-vos dos povos das terras, e das mulheres estranhas. E respondeu toda a
congregação, e disseram em altas vozes: Assim seja, conforme às tuas palavras
nos convém fazer.”
Lemos em Esdras 10:16-17:
“E assim o fizeram os que tornaram do cativeiro. E apartaram-se o sacerdote
Esdras e os homens, cabeças dos país, segundo a casa de seus pais, e todos
pelos seus nomes; e assentaram-se no primeiro dia do décimo mês, para
inquirirem neste negócio. E acabaram com todos os homens que casaram com
mulheres estranhas, até ao primeiro dia do primeiro mês.”